Mark Tansey Monte Sainte Victoire

domingo, 30 de outubro de 2011

Jean-François Lyotard em “O instante, Newman”

Jean-François Lyotard, O Inumano: Considerações Sobreo Tempo, Editorial. Estampa, Lisboa, 1989
Em seguida leituras preliminares de textos de outros para futuras reflexões (...)

"Jean-François Lyotard (1989) dedica um capítulo do livro O Inumano à pintura de Newman, intitulado “O instante, Newman”. Neste texto ele enfatiza que a obra de Newman tem um tempo próprio e que o tema é a própria criação artística: “Um quadro de Newman, é um anjo. Não anuncia nada, é o próprio anúncio. A aposta plástica das grandes peças de Duchamp é frustrar o olhar (e o espírito) porque tenta representar de forma analógica a forma pela qual o tempo frustra a consciência. Mas Newman não
apresenta um anúncio inapresentável, deixa-o apresentar-se”. (LYOTARD)." (Etcheverry)

Barnett NewmanOnement VI  1953
Barnett NewmanOnement I o/c   27" x 16" 1948


"A direção dada ao sublime por Lyotard coloca-o na condição de revelador
de potencialidades, melhor, das virtualidades próprias às formas de produção estética abrangíveis no conceito de vanguarda. Segundo o autor, o que outorga ao sublime um lugar de proximidade às manifestações estéticas contemporâneas é o seu elemento ameaçador, sobre o qual não se tem garantias de controle. Conforme veremos parágrafos adiante, aquele algo que irrompe, sem que a inteligência ou o conceito2 o regule ou domine: uma ocorrência, um acontecimento.(Almeida)
"O que é sublime é que exista esse quadro, em vez do nada. O desapossar da inteligência que comove, o seu desarmamento, a confissão de que isso, essa ocorrência da pintura, não era necessária, nem mesmo previsível a privação diante do Ocorrerá?, a espera da ocorrência "antes" de qualquer defesa, ilustração ou comentário, a espera "antes" de se ter cuidado, e de olhar, sob a égide do now, eis o rigor da vanguarda.(Almeida)
"Lyotard coloca diante da linearidade do tempo costumeiro, do tempo oficial dado pelas regras, o desafio de pensarmos a impossibilidade do acontecer: "[...] que a frase seja a última, que o pão não seja o de cada dia. Esta miséria é a miséria com a qual o pintor é confrontado, diante da superfície plástica, o músico diante da superfície sonora, o pensador diante da página branca [...]". E não só no início da obra, mas a cada instante, a cada vez que algo demora a acontecer, a cada "e agora". (Almeida)
A esse estado de suspensão, o da ameaça e da angústia de que nada aconteça, soma-se o prazer da abertura em acolher o desconhecido. Entre os séculos XVII e XVIII europeus, essa totalidade, ao mesmo tempo, prenhe e vazia, esse sentimento contraditório, de dor e prazer, angústia e satisfação, foi muitas vezes nomeado por sublime." (Almeida)

Referências
A NOÇÃO DE SUBLIME EM KANT E A QUESTÃO DA COMOÇÃO NA ARTE de Alexandra de Almeida
O MURO COMO REFERENTE NA PRÁTICA EXPERIMENTAL FOTOGRÁFICA de Carolina Martins Etcheverry In. http://www.eeh2010.anpuh-rs.org.br/resources/anais/9/1279481069_ARQUIVO_CarolinaEtcheverry_anpuh.pdf

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