Mark Tansey Monte Sainte Victoire

domingo, 23 de outubro de 2011

Leituras sobre Imanuel Kant


BAYER, Raymond. História da Estética
LEBRUN, Gérard. Kant e o fim da Metafísica
_____________. Sobre Kant
FERRY, Luc. Homo Aestheticus.

KANT se interessa pela relação mundo-homem ‑ fenômenos que podemos conhecer, seu sistema se compõe pelo criticismo:
Crítica da Razão Pura 1781 ‑  trata do conhecimento e da  natureza
Crítica da Razão Prática 1788 ‑ trata da moral, ética, espírito e liberdade
Crítica da Faculdade de Juízo 1790 ‑  trata do juízo estético, da beleza e do gosto.
Pontos de partida do criticismo: crise da metafísica, da fundação da disciplina estética ‑ ciência do belo, das belas artes e da sensibilidade, da problemática do sublime. De problemas colocados por David Hume e Baumgarten.
O criticismo parte da crise da metafísica com David Hume (Sobre Kant, Lebrun), Kant foi despertado do “sono dogmático” por Hume, foi obrigado a se colocar em questão, a respeito de suas idéias de mundo, alma e de Deus. Estes eram conceitos desprovidos de sentido? Perguntava-se Kant. Toda crítica da razão pura é escrita para convencer-nos de que, quando conhecemos ou formulamos um conhecimento, nada desvendamos  de “ser em si”, não deciframos um texto gravado nas coisas. O conhecimento em Hume dar- se- ia pela experiência do sujeito (nunca freqüentaremos as coisas, elas não oferecem condições necessárias à inspeção de nosso espírito. Kant localiza os objetos no espaço e tempo, com seus conteúdos feitos para serem percebidos, imitados, medidos por homens. Os objetos com que lidamos estão submetidos a regras universais, segundo Kant, a água que ferve depende do fogo, para ser objeto, por isso um evento só se diz objetivo se a mudança que expõe remete, segundo uma regra determinável, a um evento antecedente. Passa-se da “coisa em si” ao objeto da experiência; entre os homens a causalidade resulta numa relação entre objetos. O desafio de Hume era que se encontrasse uma relação necessária entre objetos, a causalidade entretanto, encontra-se num lugar diverso daquele onde ele detectava sua ausência. As noções racionais teórica partem de uma anti-desordem inaugural pela qual os conteúdos sensíveis são articulados, sob o nome de objetos. O entendimento não é resultado ou cópia da experiência pessoal é diretor de cena da experiência. O entendimento é legislador referente aos objetos, assim a razão pura (separada do sensível) tem alguma independência e poder. Kant defende a ciência enquanto prática racional apenas para resguardar os direitos da razão em geral.
Premissas para colocação do processo de chegada ao entendimento: situar senso comum, senso crítico, diferença entre questões de fato, valor e conceito. Senso comum, significado, os fatos não bastam por si, são permeados por conceitos e suas conexões. Conceitos são elementos básicos de organização da idéias, a partir do suporte de evidências ou premissas, são tiradas conclusões e apresentadas a outros, produzindo sentido comum (senso comum). Atributos de critério delimitam o uso correto do termo conceito, Nem todo conhecimento provém das percepções, os conceitos matemáticos e de ciências abstratas, por exemplo,. O senso crítico coloca em dúvida questões estabelecidas (ou mal resolvidas) pelo senso comum ou ciência, tal como fez Hume com a metafísica e Kant com Hume, ampliando o conhecimento.
O conhecimento é provisório, depende de um estado de desenvolvimento da pesquisa, do estado da arte, como diz Foucault.

A filosofia de Kant

O ponto de vista do criticismo coloca o retorno às fontes dos nossos juízos teóricos, práticos e estéticos, para então determinar os princípios em que assentam o conhecimento, a moral e a capacidade de apreciação da beleza.
Entendimento é a faculdade de colocar regras e conhecer por conceitos.
Juízo é a faculdade de decidir se uma coisa entra ou não numa regra dada. É a faculdade de concluir a partir de regras. Os juízos cognitivos e estéticos são diferentes, são especificados pela relação que estabelecem com o conhecimento: objeto, sujeito, representação e realidade. Conceito e intuição. O entendimento não pode intuir nem a sensibilidade pensar o conhecimento surge de sua reunião. O juízo é uma atividade cognitiva, que vai da auto consciência à determinação do objeto. Juízo e objeto são termos correlatos, não é meramente sensível a apreciação de uma objeto, o objeto é um fenômeno submetido a regras. O conhecimento supõe uma atividade de nossa consciência ligando representações segundo regras necessárias.
As 3 críticas, refletem o desenvolvimento gradual do problema do conhecimento em Kant.

O problema do conhecimento

O conhecimento 2 fontes: a sensibilidade e o entendimento

Por meio da sensibilidade intuímos os objetos e de acordo com as percepções dos sentidos, os representamos no espaço e no tempo ‑  espaço e tempo são formas de sentir para Kant. Estruturam as percepções e intuições ‑ matéria prima do conhecimento, que dão origem a experiência sensível.
A função do entendimento é sintetizar em conceitos as intuições da sensibilidade.
Há formas de sentir e de pensar.
O entendimento é a faculdade de produzir conceitos. Não conhecemos as coisas por si mesmas, mas por sua representação.
Conhecemos as coisas como fenômenos, enquanto objeto das nossas representações condicionadas pela sensibilidade e entendimento. Suas formas conduzem ao juízo teórico - Os juízos têm como conteúdo a experiência sensível ‑ que não permitem conhecer realidades absolutas, das quais se ocupa a metafísica ‑ são inacessíveis ( as primeiras causas). A razão é que pode elaborar as idéias desvinculadas da intuição: Deus, liberdade, finalidade que escapam da órbita dos fenômenos ‑ os fenômenos e as suas relações são tudo que podemos conhecer.
A constituição do conhecimento se dá mediante juízos e os fenômenos são submetidos a regras de unidade, não são baseadas em fatos, mas na reflexão, ou razão. A própria forma do juízo, que funda a objetividade, é regra pressuposta na identidade do sujeito. Esta identidade é pensada mediante a consciência de regras que torna possível a ligação universal dos pensamentos.
A 3ª Crítica procura um ponto de vista intersubjetivo. Kant se coloca num ponto de vista de outros, esta crítica se assenta na possibilidade de assumir um ponto de vista que possa ser comum a todos que julgam, sem ser contudo estabelecido conceitualmente. A ausência de regras a priori, distingue crítica de doutrina
Relação entre as 3 críticas
A perspectiva moral. a liberdade é postulado da moral, não é da ordem real, mas ideal dos fins morais que constitui a esfera superior do Espírito ‑  da causalidade livre.
As críticas da razão pura e da razão prática tratam de objetos distintos e inconciliáveis: a natureza e o espírito, acessível pela sensibilidade, acessível pela razão, respectivamente. A arte permite o jogo funcional entre sensibilidade e entendimento. O caráter livre da beleza (finalidade sem fim), a valorização da beleza e a disposição para a forma são aspectos que Kant aborda na Crítica da faculdade de juízo, que são apropriadas em teorias artísticas do século XIX e XX. O impulso lúdico de Schiller, natureza formadora de Goethe, impulso artístico, intenção e projeção sentimental (empatia), vontade de arte (Kunstwollen) de Alois Riegl.
Kant apresenta 2 espécies de juízo:
1.   Juízo determinante - situa o objeto sob a regra
2.   Juízo reflexivo - Parte do objeto para a regra.
É neste último que entra o juízo estético ‑ juízo de gosto. Juízo que é um ato de entendimento em que se considera apenas o efeito subjetivo.
Juízo  O Que é o juízo? p. 64 CFJ: "faculdade do juízo é a faculdade de pensar o particular como contido no universal. "
CFJ – Critica da Faculdade de Julgar

 

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